SEBASTIÃO ANTUNES & QUADRILHA – brilhante MPP

SEBASTIÃO ANTUNES & QUADRILHA

SEBASTIÃO ANTUNES & QUADRILHA
brilhante MPP

Numa altura em que tudo se está a transformar a pouco e pouco e as compras e audição digitais via internet e seus derivados são desde há tempos a esta parte a moda vigente, ouvir música já não tem realmente o mesmo prazer de antigamente; por isso mesmo, cada vez mais sabe melhor abrir-se a caixa de um normal compact disc,  extrair dela o respectivo booklet, tomar de seguida contacto com as letras das canções, saber quem e quantos músicos estão no disco e os respectivos instrumentos que tocam, ver as autorias das musicas e das letras bem como os responsáveis pela produção e arranjos e finalmente colocar o CD no vulgar aparelho de leitura digital e disfrutar do conteúdo de um qualquer projecto quase sempre feito por um artista ou grupo com muita inspiração, muito amor , arte e extrema dedicação…

Foi tudo isto que senti quando tive nas mãos pela primeira vez o mais recente “filho musical” de Sebastião Antunes e seus companheiros habituais na Quadrilha, disco   intitulado genericamente “Dia sim”, onde ele fala mais uma vez de amor e solidão e que, ainda segundo ele próprio “…é um dia em que paramos a meio para pensar e descobrirmos que contas feitas, somos felizes; entre amores e desamores, sonhos que nunca o foram, almejos que já não o são, histórias que mudaram do choro para o riso pois afinal nunca é tarde para se voltar a ser feliz.

O disco retrata uma história de vida absolutamente comum, desde a adolescência até uma nova juventude, atingida a partir da consciência de uma grande tranquilidade…”
Este novo album, que tematicamente nos transporta para histórias do dia a dia, onde se fala de crenças, de terras e de territórios está bem recheado de horizontes literários tradicionais portugueses que abordam ainda também cantigas populares e contos de lareiras, afinal de contas grandes e bem vivas vivencias tradicionais portuguesas  que por ventura muitos de nós já vivenciaram algum dia, em algum lugar deste país à beira-mar plantado com o é usual dizer-se; um trabalho que fundamentalmente acaba no final por se  assumir como um grande disco, um tratado instrumental onde um enorme manancial musical evidencia com relevância uma brilhante oralidade e acima de tudo se projecta como um album que  para além de tudo se projecta indelevelmente como uma grande e constante festa instrumental e rítmica onde ao longo de uma dúzia de canções se abordam com elevado sentido estético temáticas sonoras tão ricas e marcantes como são sem dúvida a belíssima musica celta e a sempre inovadora musica popular portuguesa…

Afinal doze diferentes cantigas, de elevada craveira e inspiração, que acabam por dar vida e consagrar um dos melhores trabalhos musicais portugueses do ano corrente que acaba por ser também uma grande aventura musical  onde sensibilidade, bom gosto e acima de tudo uma enorme inspiração se unem na perfeição para construir um trabalho de autentica musica sem fronteiras delimitadas.

Embora a real valia de cada composição seja muito similar, o meu destaque pessoal está centrado no entanto em duas delas:- em “Coração digital” uma inspirada canção deveras peculiar que se assume também como uma grande viagem rítmica e sonora e também na  belíssima –“Cantiga da burra”, que se constitui como o final perfeito e a merecida grande apoteose dum grande disco e de uma verdadeira festança musical!

SEBASTIÃO ANTUNES & QUADRILHA

CD Alain Vachier – apoio: SPA e Antena 1